Na noite de ontem fomos surpreendidos com a informação de que dois irmãos bombeiros haviam morrido. O primeiro, 1º Sgt. QBMG-1 Geovânio Lima ANDRELINO da Academia Bombeiro Militar; o 2º Sgt. Antônio Manoel DE LIMA Cordeiro, da JISC da Policlínica do CBMDF.
Cabe a nós homenagear nossos Guerreiros Andrelino e De Lima nas palavras de São Paulo Apóstolo:
Quanto a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo de minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo juiz, naquele dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor sua aparição (2Timóteo 4,6-8).
Contudo, em respeito aos sentimentos expressos pelos bombeiros militares em redes sociais o FONAP publica a presente nota (com adaptações) e apresenta às famílias enlutadas nossos sentimentos de solidariedade pela imensa dor que se apresenta neste momento tão difícil.
“Muitos não sabem, mas a saúde do militar da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros não suporta os seus 30 anos de serviço (ou um pouco menos do que isso). Esse servidor do Estado é recrutado ‘na flor da idade’ e passa por um treinamento físico rigoroso para entrar em uma atividade insalubre e desgastante, com escalas de serviço cansativas e sem horários fixos para descanso. Enfrenta todo tipo de adversidade, arriscando a própria vida debaixo de sol, chuva e madrugadas frias. Não bastasse isso, o regime militar os impõe uma carga psicoemocional muito intensa e acaba desgastando também a mente do militar, produzindo muitas vezes, doenças psicossomáticas, quando não outros vícios destrutivos. Após os primeiros 10 anos, alguns militares começam a apresentar problemas ortopédicos, distúrbios de sono, alteração de humor, problemas familiares, etc. Outros começam a apresentar esses mesmos problemas aos 15, 20, 25 anos. Obviamente, chega uma hora em que o corpo não suporta essa sobrecarga laboral. No entanto, apesar de tudo, o militar realiza planos e conta os dias para a tão sonhada ‘aposentadoria’, mas, muitos não chegam a essa fase devido aos infartos e AVCs que poderiam ter sido evitados se as instituições tivessem cuidado deles. Hoje perdemos mais dois companheiros de farda (altamente competentes e abnegados ao serviço que desenvolviam). Um deles, inclusive, estava a poucos meses de ir para a reserva remunerada, mas, quis o destino oferecer-lhes o descanso eterno. Difícil ver esse filme se repetindo e pensando que talvez o próximo pode ser qualquer um de nós a se tornar mais um número e entrar para essa estatística. As políticas de valorização da carreira policial e bombeiro militar do DF estão cada vez mais escassas e nossas autoridades cada vez mais alheias a essa realidade elevando assim o nível de estresse da tropa e agravando mais ainda a saúde dos nossos bombeiros e policiais. Será que vale a pena mesmo nos matar por uma atividade tão desgastante e sacrificante e que por muitas vezes não é valorizada e respeitada?”