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A difícil e heroica missão de permanecer herói.

Por: SubTen Cleônio Dourado do CBMDF publicado em 28/03/2017 às 13:41  —  atualizado em 28/03/2017 às 14:59

Bombeiros são vistos como heróis anônimos, guardiões da sociedade, anjos na terra e tantas outras denominações carinhosas com as quais nos batizam. Fazemos tudo que nos faz merecer essa consagração com amor, altruísmo e abnegação da própria vida. Somos muito bem treinados para isso. É quase impossível para qualquer um de nós compreendermos o próprio heroísmo. Não há um que afirme: “Sim, eu sou um herói!”. E isso não é modéstia. O passar de vezes pelas mesmas situações, nos tornam incapazes de entender a própria grandeza de nossa missão. É virtude. É trabalho. É impulso. É treinamento. É missão. É nosso orgulho.

 

 

E quando somos nós a precisar de ajuda? E quando o cansaço da rotina nos deixa frágil e fraco. E quando chega o dia em que não aguentamos mais passar pelas mesmas coisas, todos os dias. É difícil permanecer herói. Em alguns setores mais atuantes como os de Emergência Médica, é extenuante a rotina do bombeiro, é nessa hora que o verdadeiro espirito do heroísmo surge, é quando ele passa a pensar mais nos outros que em si mesmo, passa a ter mais preocupação com sua missão do que com sua própria saúde, com sua própria vida. Quando não existe um programa ou não existe uma estrutura adequada e suficiente a ponto de, preventivamente, tirá-lo da rua, tirá-lo da situação que, outrora prazerosa, agora é martírio, essa rotina se torna um fardo.

 

 

Somos militares, não podemos desobedecer a ordens, então mesmo exaustos daquilo, acabamos trabalhando e tentando sempre fazer o melhor. Calamos a dor e fazemos do silêncio o nosso tratamento individual. Expor o que talvez possa ser visto como frescura não é uma opção. Se acumulam os problemas externos ao trabalho, familiares, financeiros, emocionais...É quando o herói grita e ninguém ouve. É quando se interioriza o problema por não ver solução, é quando o problema vira doença.

 

 

Depressão e síndrome do pânico, nos últimos tempos tem acometido um número crescente de militares, se multiplicam e são cada vez mais comuns as ocorrências. Bombeiro não é máquina. Não somos de ferro. Ser humano nenhum é. Mas muitos acham que são e não admitem a existência de problemas emocionais e não pedem ajuda, nem mesmo para a própria família. É difícil e heroica a missão de permanecer um herói. Para muitos, infelizmente, foi impossível.

 

 

Um quantitativo expressivo de profissionais de segurança pública já se auto lesionou fatalmente, desistiu, não suportou. Com tudo isso se faz necessário com que todos compreendam o que é DEPRESSÃO. Depressão não é frescura, não é fraqueza, não é tristeza, não é falta de Deus, é DOENÇA e por isso se faz urgente que haja políticas internas que façam com que os nossos profissionais (médicos, psicólogos, etc) possam ir aos locais de trabalho, promovendo preventivamente seminários, cartilhas, sites, vídeos e toda a sorte de meios que promovam a divulgação sobre o assunto, que façam com que a pessoa que se ache acometida por esse mal procure ajuda, para que os amigos que estão com ele na rotina de trabalho saibam ajudar. É preciso que se promovam meios para quando um Herói sinta a necessidade de gritar (silenciosamente) por socorro, ele seja ouvido por todos nós.

 

 

 

In Memoriam Sargento Góes Filho, que não seja em vão!

 

Vidas Alheias e Riquezas Salvar!

 

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